Inovação na Educação Pública: análise teórica e prática
- Marcus Periks Barbosa Krause
- 11 de abr. de 2022
- 6 min de leitura
Atualizado: 23 de abr. de 2022
Inovação na educação pública: Análise teórica e prática de sua implementação.
Somos desafiados diariamente a viver situações novas em nossas vidas, ora, os recursos que lidamos em nossos lares e ambiente profissional possuem uma determinada capacidade, ora nos obrigam a substituí-los ou nos qualificar para operá-los. O mundo não para, as terminologias mudam constantemente, os recursos se renovam e as tecnologias avançam num piscar de olhos. Diante deste processo globalizado, o homem precisa reinventar-se a cada dia e encarar essas inovações como uma forma de descobrir novos caminhos e novos conhecimentos, sendo um agente transformador de sua realidade social. Como seres humanos, dotados de capacidade de desenvolver conhecimento, devemos estar sempre prontos para encarar desafios e buscar novos aprendizados.
Ao observamos a história da humanidade, por uma linha do tempo, desde o período Paleolítico, até o período Contemporâneo, podemos perceber o quanto a humanidade evoluiu no processo de conhecimento e aprendizado. Da pedra lascada, onde o homem talhava pedras, para confeccionar suas ferramentas de uso doméstico, ao desenvolvimento da Tecnologia da Informação, onde as ferramentas são desenvolvidas por meio de computadores e tecnologias similares, percebe-se que a inovação, em cada processo, fez a diferença para melhorar nossas relações de vida humana.
Assim, considerando-se essa característica típica do desenvolvimento humano, precisamos canalizar todos os esforços necessários para fortalecer o processo de Educação, meio pelo qual todos nós desenvolvemos habilidades e conhecimentos.
Por muito tempo o processo de educação foi centrado em um formato onde o aluno era apenas um receptor passivo, com obrigação de decorar todo o conteúdo proposto, sem contribuir ou participar neste processo, nem mesmo nos processos de elaboração das políticas públicas educacionais os alunos tinham oportunidade de contribuir.
Graças a muitas teorias inovadoras, no decorrer do tempo, foram surgindo novas perspectivas, novos pensamentos e novos rumos no processo ensino-aprendizagem. Contribuições dadas por Paulo Freire, Maria Montessori (clique aqui) Jean Piaget, John Dewey, dentre tantos outros que defendiam essas práticas e teorias pedagógicas inovadoras, contrapondo-se aos tradicionais métodos, que tinha o aluno apenas como um sujeito passivo.
Trazendo este contexto, mais especificamente para a educação pública em nosso país, podemos perceber a necessidade urgente de quebra de paradigmas, não apenas na relação professor/aluno, mas em todo o sistema, a começar pela construção inovadora dessas políticas.
Por estar na ponta deste processo, os professores são os mais cobrados, exigindo-se dos mesmos a adoção de práticas inovadores em sala de aula, criatividade, etc, contudo ao olharmos para cima, de onde nascem as políticas educacionais, percebemos uma lacuna muito grande, que também precisa ser preenchida. Para haver eficácia na construção deste processo é preciso um conjunto de ações e práticas advindas de todos que fazem a educação, e aqui incluímos a participação da família, instituição de grande importância neste processo.
QUANDO FALAMOS EM INOVAÇÃO NA EDUCAÇÃO PÚBLICA estamos focando aspectos diversos e que envolvem inúmeros atores, não apenas os docentes. É comum, digo isso com tristeza, as pessoas nutrirem a ideia de que ensino público no Brasil é precário, é deficiente, é desvalorizado, sendo isso de fácil percepção, pelas estatísticas e levantamentos constantes de dados que retratam uma realidade que precisa ser mudada.
Não queremos de forma nenhuma generalizar, pois sabemos que existem escolas públicas de referência em nosso país, que possuem aspectos inovadores em seu processo de gestão, de práticas de ensino, de mediação de conflitos, de elaboração dos currículos, de fomento ao protagonismo infanto-juvenil, mas na contramão desta realidade, existe um número considerável de escolas que encontra dificuldades para implementar processos inovadores, por medo de encarar novos desafios, pela inércia de quem opera o sistema educacional, pela corrupção, que consome todos os recursos disponíveis para investimentos em processos inovadores ou mesmo pela incapacidade técnica de muitos gestores.
Primeiramente precisamos vencer esses inimigos que impedem que tenhamos uma educação pública inovadora, neste ponto fica a indagação: Como fazer isso? Não é fácil encontrar a resposta para este questionamento, não está em um passe de mágica, mas pode estar nas mãos de cada um de nós.
Trazendo para a prática, alguns exemplos no contexto nacional, podemos citar muitas escolas com estruturas que dificultam implementações de processos inovadores, obrigando os profissionais a se desdobrarem na tentativa de mitigar essa cultura de que a educação pública é inferior ao sistema privado. Muitos destes esforços podem até parecer em vão, mas servem de exemplo e motivação para acreditarmos que podemos construir novos rumos, mesmo em meio às dificuldades da realidade brasileira.
Os professores, gestores escolares e supervisores, de algumas escolas públicas no Brasil, cônscios do poder transformador que o uso de práticas inovadoras traz para o processo ensino-aprendizagem, se empenham ao máximo para implementarem esses procedimentos, em meio aos parcos recursos ou condições de estrutura física, que nada favorecem, tais como: escolas que não dispõem de recursos áudio visual, ausência de laboratórios de ciência e tecnologia, espaços para práticas esportivas e culturais, como método auxiliar e poucos recursos didáticos pedagógicos à disposição.
Não podemos conceber que o processo ensino-aprendizagem se resuma apenas aos 50 minutos que o professor passa em sala de aula, apenas “despejando” informações e exigindo que essas informações sejam decoradas pelos alunos. Paulo Freire, ao apresentar seu método inovador de alfabetização de adultos, quebrou com muitos conceitos e preconceitos da sua época e foi capaz de mostrar que a experiência de vida dos alunos pode servir de propulsão para o aprendizado.
Para a construção desse processo, é preciso também haver a democratização das ações de todo o sistema público educacional, ver e investir no aluno, transformando-o de ser passivo a protagonista de sua história, neste aspecto, fazemos uso da teoria Montessoriana, baseada no princípio da autoeducação.
Essa democratização também deve ser adotada nos processos de gestão escolar, gerando oportunidades de participação na construção das políticas e planos educacionais, tais como projetos que oportunizem os alunos a participarem dos processos de escolha de seus gestores, fomentar o exercício de liderança, através de grupos de mediação de conflitos escolares, núcleos de combate aos problemas relacionados ao uso abusivo e nocivo das drogas e outros problemas que afetam o ambiente escolar.
A implementação de práticas inovadoras no ambiente escolar também deve ser observada pelo aspecto inclusivo, de modo a não deixar de fora do processo escolar pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. É preciso haver empatia para com todos aqueles que estão na escola, oportunizando condições na proporção do desenvolvimento de suas capacidades.
Outro fator que pode ser de extrema importância é a formação continuada dos profissionais da educação. A formação permanente dos professores é uma das alternativas a se buscar uma educação pública inovadora, considerando que as terminologias, conceitos e legislações pertinentes à educação, estão em constante evolução. Não há como pensar em uma educação inovadora se os profissionais da educação não tem acesso continuo a capacitações e qualificações necessárias para ampliar sua visão à cerca dos métodos e práticas que devem abordar em sala de aula. É preciso, também, quebrar com preconceitos de que o novo poderá ser prejudicial, isso faz com que permaneçamos parados no tempo.
Por último, não se pode descartar o uso de recursos tecnológicos em favor da educação, promovendo a interatividade, de modo a aliar ao processo ensino-aprendizagem, o uso do computador e recursos tecnológicos disponíveis. Muitas escolas fazem uso de aplicativos e tecnologias diversas que contribuem para o acompanhamento do rendimento escolar, que auxiliam no processo administrativo e didático dos profissionais da educação, que são ferramentas de coletas de dados e são aliados do sistema de ensino no desenvolvimento de habilidades e competências, uma vez que vivemos em um mundo globalizado e cada vez mais conectado às novas tecnologias.
Conclui-se que existe um abismo muito grande entre os conceitos e práticas inovadoras e a realidade que vivemos em nosso país, não podemos, portanto, ter receios em inovar, devemos acreditar que podemos construir novos rumos na educação pública, sendo proativos, críticos e abertos às novas tendências que venham a somar ao desenvolvimento cognitivo dos alunos e trazer benefícios à todos que fazem parte deste contexto educacional, de modo a transformar nossa realidade social, tão carente destas transformações, acreditando nas palavras de Nelson Mandela: “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”

MARCUS PERIKS BARBOSA KRAUSE
Mestre em Ciências da Educação; Especialista em Língua Portuguesa com ênfase em gramática; Especialista em Gestão e governança em Ministério Público; Licenciado em Letras; Graduando em Pedagogia; Membro da Academia Pedreirense de Letras; Professor; Técnico Ministerial do Ministério Público do Estado do Maranhão.
SITES CONSULTADOS
História do Mundo
PAGAMUNCI, Mirian Eduarda, TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E EDUCAÇÃO: UMA ANÁLISE REFLEXIVA. Artigo
PENSADORES DA INOVAÇÃO EM EDUCAÇÃO
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