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Telas na Primeira Infância: é possível enfrentar esse desafio?

  • Foto do escritor: Flávia Valéria
    Flávia Valéria
  • 2 de mai.
  • 4 min de leitura

Episódio 1 - Conexões de Impacto

O uso de telas por crianças e adolescentes tem desafiado pais e educadores. Afinal, será esse um desafio intransponível, nessa era digital?

 

1)     Crescimento do tempo de tela na primeira infância

 

O contato das crianças com a internet começa cada vez mais cedo, e a quantidade de crianças acessando meios digitais está aumentando rapidamente.

 

A pesquisa TIK KIDS do CETIC BR de 2023, apresentada em outubro de 2024, aponta o crescimento do uso de telas, especialmente pela primeira infância, que de 2015 a 2023, teve um salto percentual dos 11 para os 24% das crianças até os 06 anos de idade tendo acesso pela primeira vez à internet.


2) Mudança no comportamento das famílias e na dinâmica da criação dos filhos


De famílias numerosas para unidades em apartamentos, muitas vezes monoparentais, a equipe de apoio para o acompanhamento e educação de uma criança diminuiu ao longo do tempo. Responsáveis e tutores, em sua maioria, precisam conciliar as atividades profissionais com esse acompanhamento e educação.

 

Conciliar as atividades profissionais, econômicas e familiares com o cuidado e preservação do acesso de crianças e adolescentes aos meios digitais é um desafio que inúmeras famílias enfrentam, muitas vezes sem o necessário auxílio de políticas públicas voltadas à proteção desse segmento tão vulnerável.


3) Neuroplasticidade: Por que a Infância é um Período Crítico?


I)               O que é neuroplasticidade?

  • A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de se adaptar, criar novas conexões e aprender constantemente.

  • Na primeira infância, essa plasticidade é extremamente alta, o que torna esse período essencial para um desenvolvimento saudável e por isso, precisa ser protegido para que esse desenvolvimento aconteça em bases seguras.


II)             Como o uso excessivo de telas pode prejudicar a neuroplasticidade?

  • Falta de estímulos diversificados: a tela oferece um tipo de estímulo repetitivo e altamente previsível, o que pode limitar a formação de conexões mais ricas no cérebro.

  • Menos interações sociais reais: o cérebro infantil precisa da comunicação verbal, expressões faciais e contato humano para desenvolver empatia e cognição social.

  • Diminuição da criatividade e resolução de problemas: jogos e vídeos altamente estruturados reduzem a necessidade da criança criar suas próprias histórias e soluções.


III)           Como preservar a neuroplasticidade de forma saudável?

  • Variedade de estímulos: oferecer um ambiente rico em sons, texturas, cheiros e movimentos.

  • Interação social presencial: brincadeiras em grupo, contar histórias, diálogo constante com os pais.

  • Experiências novas e dinâmicas: viajar para novos lugares, conhecer pessoas diferentes, aprender habilidades variadas.

  • Equilíbrio entre tecnologia e mundo real: a apresentação e o uso das telas deve ser introduzido de forma consciente pelos responsáveis/tutores das crianças, sempre complementadas com atividades do mundo físico.



4) Sociedade Brasileira de Pediatria

A Sociedade Brasileira de Pediatria, no seu Manual de Orientação, #MenosTelas #MaisSaúde vem reiterando que crianças abaixo de 2 anos não devem ter acesso a telas digitais.





O desafio amplia quando as famílias possuem crianças e adolescentes em idades diversas e com permissões de tempo de tela distintos, como por exemplo irmãos de 17, 10 e 3 anos. O que exige maior conhecimento e capacidade de estabelecer limites e regras por tutores/cuidadores/responsáveis.


5) Recomendações e Boas Práticas para pais/tutores/cuidadores:


Quando a tela se torna um hábito constante, é importante oferecer alternativas envolventes e acessíveis.

1. Atividades Sensor motoras e criativas

  • Brincadeiras ao ar livre: correr, pular corda, brincar de pega-pega, amarelinha e outras atividades que desenvolvem coordenação e equilíbrio.

  • Arte e trabalhos manuais: pintura, desenho, massinha de modelar, dobraduras e colagem ajudam na criatividade e no desenvolvimento motor fino.

  • Instrumentos musicais: aprender a tocar um instrumento ou simplesmente explorar sons e ritmos.

 

2. Estímulo à Imaginação e Resolução de Problemas

  • Brincadeiras simbólicas: casinha, mercado, médico, explorador—tudo que estimula a imaginação e habilidades sociais.

  • Construção com blocos ou LEGO: ótimo para coordenação e raciocínio espacial.

  • Jogos de tabuleiro e quebra-cabeças: melhoram o foco, paciência e estratégia.

 

3. Conexão Familiar e Socialização

  • Histórias e leitura interativa: escolher livros físicos e contar histórias com entonação e expressões divertidas.

  • Cozinhar juntos: envolver as crianças no preparo de receitas simples.

  • Visitas a espaços culturais: museus, bibliotecas, parques e feiras são ótimas opções.

4. Mindfulness e Exploração Sensorial

  • Yoga ou alongamento infantil: ajuda a desenvolver consciência corporal e equilíbrio.

  • Atividades com elementos naturais: brincar com areia, água, folhas, pedras—o contato com a natureza fortalece conexões neurais.

  • Jardinagem e plantio: cuidar de uma planta ensina paciência e responsabilidade.


O problema não é a tela, mas como e o quanto ela é usada"

Como você tem enfrentado esse desafio do uso de telas no dia a dia das crianças e adolescentes? Quais estratégias tem funcionado?



Flávia Valéria

Mestra em Blockchain e Criptocurrencies pela University of Nicosia (Unic) pelo departamento Institute for the future.

Pós-graduada em Neurociência, psicologia positiva e mindfulness pela PUC-PR.

Pesquisadora em inovação, futuros, direito e cidadania digital.

Promotora de Justiça no Estado do Maranhão.



 





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