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  • Demetrius Silva Matos

SOBRE O AMOR, INTOLERÂNCIA e o MASSACRE DA TOALHA – em uma certa Sexta-Feira Santa...


Igreja do São Sepulcro, imagem gerada por IA (app canvas)

No dia 10 de abril de 1846, comemorou-se uma das datas mais importantes para os cristãos na cidade de Jerusalém: a Sexta-Feira santa. Naquele ano em particular, a data sagrada que comemora a ressureição de seu Senhor Jesus Cristo foi a mesma, tanto para os cristãos católicos latinos quanto para os cristãos ortodoxos gregos, que viam, uns aos outros, como hereges infiéis, e que estavam aos montes na cidade em peregrinação para a data.


As duas comunidades cristãs iniciaram uma discussão sobre qual das duas teria preferência para iniciar os rituais sagrados no altar do Calvário, na Igreja do Santo Sepulcro, sem que se chegasse a um acordo. O ódio entre os dois grupos, que amavam Cristo e propagavam seu amor, era tão grande que o governador otomano de Jerusalém, Mehmet Pasha, sempre destacava soldados dentro e fora da igreja nos anos anteriores para evitar possíveis problemas, mas especialmente no dia 10 de abril de 1846, não foi o suficiente.


Naquela Sexta-Feira Santa, os sacerdotes latinos entraram na Igreja de Santo Sepulcro com uma toalha de linho branco para ser colocada no altar da igreja, e ficaram furiosos quando perceberam que os sacerdotes gregos já estavam no local com sua toalha de seda bordada no altar. Os latinos exigiram dos gregos seu firmão (o decreto do sultão de Constantinopla para dar-lhes o direito de colocar sua toalha de seda no altar primeiro). Os gregos, igualmente furiosos, exigiram onde estava o firmão dos latinos para autorizá-los a retirar sua toalha.


Apesar da data festiva e santa, iniciou-se uma briga entre os sacerdotes, sendo que monges e peregrinos de ambos os lados foram se juntando à “diversão”.


A sagrada Igreja de Santo Sepulcro logo se transformou em uma zona de guerra. Os grupos cristãos lutavam não apenas com os punhos, incluíram os crucifixos (que enfiavam nos olhos uns dos outros), cálices, lâmpadas e incensários (que quebravam para criar armas cortantes ou que queimassem a pele) e até mesmo pedaços de madeira que arrancavam do sagrado local para baterem uns nos outros.

Logo chegaram facas e pistolas levados por fiéis dos dois lados que ainda não estavam dentro do santuário.


Quando a igreja foi finalmente evacuada pelos guardas de Mehmet Pasha, encontraram mais de 40 mortos no chão.


“Vejam aqui o que é feito em nome da religião”, disse Harriet Martineau, comentarista social inglesa que viajava pela Palestina e Síria em 1846.


Fonte:

FIGES, Orlando. CRIMEIA: a história da guerra que redesenhou o mapa da Europa no século XIX. Rio de Janeiro, Record. 2019.


Por DEMETRIUS SILVA MATOS

Advogado OAB/MA

Pós-graduado em Ciências Políticas (Uninter) e Direito Constitucional (Imadec)

Autor do livro: "Direito na Ditadura - o uso das leis e do direito durante a ditadura militar"

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